segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

REIVINDICAÇÕES CERTAS, FORMA ERRADA

A crítica feita ao governador Jaques Wagner, por este ter apoiado o movimento grevista da PM em 2001, é cínica e oportunista, além de revelar um viés político-partidário que confere à greve objetivos outros, além do meramente reivindicatório.
Em 2001, Wagner, oriundo do movimento sindical, exercia seu terceiro mandado como deputado. Se apoiou a greve da PM naquele ano, o fez por coerência com o seu histórico político. Neste 2012, porém, Wagner é governador da Bahia e tem deveres de governador. Como imaginar que ele apoie ou seja brando com um movimento radicalizado, que utiliza a desordem e o pânico como estratégias? Alguns parecem querer constrangê-lo a juntar-se aos policiais amotinados na Assembleia Legislativa, integrando-se ao comando de greve…
Essa situação nos remete novamente a 2001, quando o então vereador itabunense Luís Sena, do PCdoB, “montado” num carro de som, foi até a porta do 15º Batalhão da Polícia Militar conclamar os soldados a aderir à greve. Indignado, o comandante da corporação na cidade, à época tenente-coronel Gilberto Santana, deu voz de prisão ao vereador e causou o maior rebu numa Itabuna que era então governada por Geraldo Simões (PT), tendo o PCdoB de Sena como um de seus aliados. A confusão foi parar no gabinete do prefeito, com uma discussão áspera entre Santana, Geraldo, Davidson Magalhães, entre outros.
Não podemos dizer se Santana estava certo ou errado ao prender o vereador, mas é preciso reconhecer que ele fez jus à sua posição de comandante do 15º BPM. Da mesma forma, não é coerente imaginar que um governador aja como sindicalista, mas única e exclusivamente como governador, com todos os deveres que tem e as prerrogativas de que dispõe.
As reivindicações da PM são justas e toda a Bahia sabe disso. Salários baixos, condições de trabalho vergonhosas, super-exposição ao risco por falta de equipamentos básicos de proteção, são alguns dos problemas evidentes na polícia. A população é solidária a esses pleitos, mas não aceita o banditismo e o caos implantados em várias cidades do Estado, às custas de enormes prejuízos materiais e perdas de vidas humanas.
Os líderes da greve perderam a grande chance de ter o apoio da sociedade, que entende o pleito, mas não aceita que a polícia deixe de ser polícia.

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