quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Países da Europa fecham acordo para reduzir dívida da Grécia


Os bancos vão perdoar metade da dívida grega. São quase € 100 bilhões. Em troca, os bancos vão receber compensações.

É a notícia mais importante desta quinta-feira (27): um calote negociado e gigantesco, de € 100 bilhões. Foram dez horas de reunião. Os líderes da União Europeia fecharam esse acordo com os bancos, que aceitaram reduzir pela metade a dívida da Grécia. Será o começo do fim da crise na economia?
Em troca desse prejuízo, os bancos vão receber compensações. Isso ainda vai ser detalhado nos próximos meses, mas os bancos vão ser capitalizados e vão receber uma espécie de colchão de proteção da União Europeia.
O que está bem claro é que, depois de meses de indecisão, finalmente um anúncio dos líderes europeus trouxe calma aos mercados na Europa. As bolsas operam em alta com os melhores números desde o início de agosto.
Os bancos lideram essa recuperação, especialmente os franceses, que têm muitos títulos da dívida grega, com altas de até 10% nas bolsas de valores hoje. Mas os investidores estão cautelosos. Eles dizem que há um longo caminho a ser percorrido, e as economias da Europa precisam dar fortes sinais de crescimento real.
Essa mistura de alívio e cautela estava na cara dos líderes europeus na quarta-feira (26), depois da reunião. Os sorrisos se misturavam com as olheiras e com o cansaço da longa negociação.
Já passava das 4h em Bruxelas (pouco mais de meia-noite no horário de Brasília), quando os líderes europeus anunciaram o acordo. Os bancos aceitaram perdoar metade da dívida grega. Segundo o presidente francês Nicolas Sarkozy, o valor chega a € 100 bilhões de abatimento. Sarkozy disse também que a solução representa um alívio para o mundo inteiro.
Com o perdão de uma parcela tão expressiva da dívida, a Grécia pode, finalmente, pôr as finanças em ordem e até 2020 reduzir a dívida para 120% do produto interno bruto (PIB) do país. Sem o perdão, o valor deveria aumentar para 180%.
O segundo ponto importante do acordo da madrugada prevê o aumento do fundo de ajuda aos países endividados. Ou seja, a União Europeia vai ter mais dinheiro para socorrer países em crise. O valor mais do que dobra: passa de € 440 bilhões para € 1 trilhão.
Na prática, o aumento permite algum tipo de socorro a grandes economias, como as da Itália e da Espanha. Até a China pode contribuir com esse fundo por meio da criação de uma agência de investimentos na Europa.
O terceiro ponto do acordo já tinha sido anunciado mais cedo: os bancos europeus deverão subir de 5% para 9% os recursos que deixam parados nos cofres como reserva. A Autoridade Bancária Europeia avalia que os bancos europeus precisem de € 106 bilhões para aumentar a segurança do sistema.
Essa recapitalização dos bancos tem de ser completada até junho de 2012. No fim do encontro, a primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel, se mostrou satisfeita e disse que a Europa mostrou ao mundo como pode se proteger da crise. A diretora do FMI, Christine Lagarde, participou da reunião e disse que o mais importante foi a Europa ter mostrado ao mundo um consenso político entre os 27 países.
O primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi disse que a Europa assumiu um compromisso ambicioso que vai ser mantido a partir de agora. “Precisamos mostrar aos cidadãos da Europa que existe esperança”, concluiu o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso.

Nenhum comentário: