quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Orlando Silva cai, mas Ministério do Esporte continua com o PCdoB


Cargo está ocupado, interinamente, pelo secretário executivo do ministério, Waldemar de Souza. Orlando Silva era ministro do Esporte desde 2006.

No Brasil, a presidente Dilma Rousseff deve anunciar o nome do novo ministro do Esporte nesta quinta-feira (27). Orlando Silva foi o sexto ministro a deixar o governo, o quinto por suspeita de irregularidades. O ministro sai, mas o PCdoB fica com o cargo.

Isso ficou acertado entre o partido e a presidente: o PCdoB continua com o ministério do Esporte e Dilma Rousseff quer definir logo quem será o substituto de Orlando Silva. Ela tem uma reunião, ainda na manhã desta quinta, com o comando do PCdoB para decidir o sucessor.
Por ora, o cargo está ocupado, interinamente, pelo secretário executivo do ministério, Waldemar de Souza. Orlando Silva era ministro do Esporte desde 2006. A demissão dele veio 12 dias depois das denúncias sobre um suposto esquema de desvio de dinheiro que seria comandado por ele.
Em uma hora de conversa com a presidente Dilma Rousseff, Orlando Silva acertou a demissão. “Essa decisão consciente que eu tomei, a presidente apoiou por entender que, dessa maneira, eu posso defender com mais ênfase minha honra. Falei com a presidente da minha revolta com esse linchamento público que eu vivi”, declarou Orlando Silva, ex-ministro do Esporte.
Por enquanto, o comando do Ministério do Esporte está nas mãos do secretário-executivo Valdemar de Souza. O PCdoB se reuniu a portas fechadas no gabinete do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), cotado pelo partido para assumir o cargo.
“Eu não tenho o poder de convidar para ser ministro. Então, eu não posso comentar atribuições que não são minhas”, contou o deputado Aldo Rebelo.
Outra candidata que tem a simpatia do partido é a deputada Luciana Santos (PCdoB-PE). “Não recebi nada, nenhuma informação sobre isso”, disse.
O PCdoB diz que não fez uma seleção de candidatos a ministro do Esporte. Afirma que tem uma opinião sobre o assunto, mas que a escolha é da presidente Dilma Rousseff e que a decisão deve sair nesta quinta-feira (27). “Ela que vai decidir sobre essa questão”, comentou uma fonte.
A oposição diz que a saída de Orlando Silva não basta. “O ideal é que pudesse chegar um ministro capaz de fazer uma limpeza geral e retomar a credibilidade de uma pasta que está em evidência no Brasil”, declarou o deputado ACM Neto (DEM-BA), líder do partido na Câmara.
O líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), afirma que a relação com o PCdoB vai bem, apesar da saída de Orlando Silva. “Não tem nada o que mudar na relação com o PCdoB. O PCdoB é um partido leal, firme e importante da nossa base”, destacou.
Nos últimos cinco meses, seis ministros deixaram o governo. Fora Nelson Jobim, os outros cinco saíram por denúncias de irregularidades: Antonio Palocci, Alfredo Nascimento, Wagner Rossi, Pedro Novaes e agora Orlando Silva, que entrou no Ministério do Esporte em 2006.
Dois anos depois, ele usou o cartão corporativo para comprar tapioca. Disse que foi por engano e devolveu o dinheiro. Há 12 dias, o “Fantástico” mostrou irregularidades na distribuição de recursos do ministério.
Orlando Silva foi denunciado por um policial militar que já foi preso e é cobrado a devolver mais de R$ 3 milhões aos cofres públicos. À revista “Veja”, João Dias apontou um suposto esquema de corrupção, desvio de dinheiro do programa “Segundo tempo” por meio de ONGs.
O autor das denúncias combinou que iria ao Congresso na quarta-feira (26), mas não apareceu. Mandou o advogado dizer que agora só fala em juízo. O partido de Orlando Silva se defende.
“Temos certeza de que as provas que disseram que seriam apresentadas, não serão, porque elas não existem”, disse o deputado Osmar Júnior (PCdoB-PI), líder do partido na Câmara.
“Só a saída do ministro não esgota a solução do problema. Se irregularidades ficarem comprovadas e ele der causa nos problemas que ele gerou, nós temos que punir e verificar a extensão dos danos causados e o ressarcimento aos cofres públicos do prejuízo gerado ao povo brasileiro", disse o deputado Duarte Nogueira (PSDB-SP), líder do partido na Câmara.
Orlando Silva vai continuar sendo investigado. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, vai pedir ao Supremo Tribunal Federal que o inquérito contra o ex-ministro seja enviado ao Superior Tribunal de Justiça, onde já há uma investigação contra o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, suspeito de envolvimento no mesmo esquema de desvio de dinheiro. Agnelo Queiroz nega participação no esquema.

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